Ecologia e Doenças Infecciosas: Um Perfil Nacional dos Grupos de Pesquisa do CNPQ
Resumo
Procurando entender se incorporação da abordagem ecológica em pesquisas sobre meio ambiente-animal-doença-saúde vem ocorrendo na construção do conhecimento no campo da saúde ambiental, voltado para a investigação sobre doenças resultantes das relações e inter-relações entre seres humanos, animais, ecossistemas e ações antrópicas, o presente artigo traz uma discussão acerca da ecologia das doenças infecciosas, apresentando, em seguida, um quadro nacional da pesquisa voltada para esta temática, construído a partir de um levantamento realizado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPQ. Por meio deste procuramos descrever e analisar o perfil dos grupos de pesquisa que trabalham com doenças resultantes das relações e inter-relações entre seres humanos, animais, ecossistemas e ações antrópicas, de modo a visualizar como tem se dado a participação da ciência ecológica nesta área.
Pouco sabemos sobre a cultura epistêmica de construção do conhecimento no campo da saúde ambiental, voltado para a investigação sobre doenças resultantes das relações e inter-relações entre seres humanos, animais, ecossistemas e ações antrópicas. Dado o nível de complexidade desta realidade, entendemos que tal cultura de produção do conhecimento deva ser permeada por uma mentalidade de cooperação acadêmico–científico, tomando a ciência ecológica como parceira categórica.
Como podemos observar na analise dos dados, ainda é baixa a participação da ciência ecológica em pesquisas empreendidas no campo da saúde ambiental, voltadas para doenças infecciosas, ao mesmo tempo em que se verifica uma concentração espacial desta produção, não se observando uma relação direta desta e as necessidades socioambientais territorialmente estabelecidas no país.
Referências
ÁVILA-PIRES, F. D. de. Ecologia das doenças infecciosas e parasitárias. Cadernos de Saúde Pública, RJ 5 (2): 210-218, abr/jun, 1989.
BARCELLOS, C. & MONKEN, M. O território na promoção e vigilância em saúde. In: Fonseca, Angélica Ferreira (Org.). O território e o processo saúde-doença. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, 2007. 177-224p.
BERTRAM, Briam C. R. The Ostrich Communal Nesting System: Monographs in Behavior and Ecology. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1992. (ISBN 0-691-08785-7). Capítulo: 5: Ecological Aspects. 71-101pp.
BRASIL. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Presidência da República, Casa Civil – Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em:
_____.____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias. Brasília: MS, 2005.
CASTRO, Hermano Albuquerque de. Resenhas Book Reviews. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(6):1429-1431, jun, 2009.
CHAPIN, F. S., III. et al. Disease effects on landscape and regional systems: a resilience framework. In: OSTFELD, R. S.; KEESING, F.; EVINER, V. T. (Ed.) Infectious disease ecology: the effects of ecosystems on disease and of disease on ecosystems. Princeton university Press, 2008. 284-300pp.
GATRELL, A. Geographies of Health. London: Wiley-Blackwell, 2001.
GRISOTTI, M. Doenças infecciosas emergentes e a emergência das doenças: uma revisão conceitual e novas questões. Ciência & Saúde Coletiva. 15 (Supl.1): 1095-1104, 2010.
KEESING, F. Part I: Effects of ecosystems on disease. Introduction. In: OSTFELD, R. S.; KEESING, F.; EVINER, V. T. (Ed.) Infectious disease ecology: the effects of ecosystems on disease and of disease on ecosystems. Princeton university Press, 2008. 9-10pp.
MACHADO, C. J. S. (2010). Olhares acadêmicos sobre a invenção e a descoberta nas ciências. Rio de Janeiro: E-Papers.
MACHADO, C. J. S. ; TEIXEIRA, Márcia de Oliveira ; FILIPECKI, A.T.P. (2009). Uma analise sociológica da dinâmica local do uso de instrumentos de organização e coordenação da pesquisa biomédica Brasileira: o caso da Fundação Oswaldo Cruz. Revista de Administração da FEAD-Minas, v6, n.02, 2009.
MCCALLUM, H. Landscape structure, disturbance, and disease dynamics. In: OSTFELD, R. S.; KEESING, F.; EVINER, V. T. (Ed.) Infectious disease ecology: the effects of ecosystems on disease and of disease on ecosystems. Princeton university Press, 2008. 304-320pp.
MEADE, M. S; EARICKSON, R.J. Medical geography.2nd ed. Library of congress cataloging-in-publication data, 2000. 310-342pp.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Conselho Nacional de Saúde. Subsídios para construção da Política Nacional de Saúde Ambiental / Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2007. 56 p. : il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde).
OLSEN, E. M. et al. Maturation trends indicative of rapid evolution preceded the collapse of northern cod. 428, 932–935 (2004).
OPPONG, J. R. Pandemics and Global Health. New York: Chelsea House, 2010.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE – OPAS. Carta de Ottawa. Primeira conferência internacional sobre promoção da saúde. Ottawa, novembro de 1986. Disponível em
OSTFELD, R. S.; KEESING, F.; EVINER, V. T. (Ed.) Infectious disease ecology: the effects of ecosystems on disease and of disease on ecosystems. Introduction. Concluding Comments: The ecology of infectious disease: progress, challenges and frontiers. Princeton university Press, 2008. 1-5pp / 470-482pp.
SANTOS, Milton. Saúde e ambiente no processo de desenvolvimento. Ciência e Saúde Coletiva. USP. 8 (1): 309-314pp. São Paulo, 2003.