Governo do Estado


Áreas Verdes Cariocas - Camboatá, 2019

Por Pró-Reitoria de Pesquisa
04/07/2019 10h00m



Áreas Verdes Cariocas - Camboatá

Floresta do Camboatá: O último grande fragmento plano de Mata Atlantica nativa da cidade do Rio de Janeiro.



O Rio de Janeiro se caracteriza por abrigar 3 importantíssimas florestas localizadas no Parque Nacional da Tijuca, Parque Estadual do Mendanha e no Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB). Curiosamente, o PEPB protege a maior floresta urbana do mundo. E o Parque Nacional da Tijuca, evidencia uma experiência muito bem sucedida de reflo-restamento. As três florestas possuem algo em comum - são encraves rochosos, com al-gumas áreas de acesso extremamente difícil.


Por mais que a cidade do Rio de Janeiro tivesse primordialmente 97% de cobertura vegetal de Mata Atlântica, o crescimento populacional foi avançando por essas áreas, inicialmente para introdução das monoculturas de café e de cana de açúcar, em especial, durante o século XIX. Posteriormente, o crescimento populacional foi transformando a floresta em cidade. A Mata Atlântica ficou restrita aos pontos remotos e elevados da cida-de, onde a instalação de habitações seria menos viável. Com isso, as áreas de Florestas Ombrófilas de Terras Baixas foram devastadas.


A última grande área remanescente de Mata Atlântica plana da cidade do Rio de Janeiro encontra-se no bairro de Deodoro, entre as Zonas Norte e Oeste da cidade. Pela sua localização, a floresta costuma ser chamada pelo nome do bairro homônimo ou por floresta do Camboatá, em alusão a uma pequena elevação no local, chamada de Morro do Camboatá. Há várias décadas este fragmento é muito bem preservado pelo Exército brasileiro, mesmo estando em uma área densamente povoada, às margens de Avenida Brasil. A vegetação ocupa um espaço de 1,6 milhão de metros quadrados, o que seria 3 vezes o tamanho do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). Todo o remanescente flo-restal encontra-se entre as cotas máximas de 35 a 50 metros de altitude, resguardando uma pequena amostra de vegetação que de forma geral não se observa mais na região, caracterizada por se situar entre 5 e 50 metros de altitude acima do nível do mar. No local encontram-se nascentes e áreas úmidas, onde na época das cheias, aparecem peixes, em extinção, da família dos Rivulídeos, ou peixes das nuvens que se encontram em am-bientes aquáticos sazonais ou temporários. Pela sua localização estratégica, entre a Pe-dra Branca e o APA Gericinó-Mendanha, a Floresta do Camboatá atua como um conector: por ser um local de parada, descanso e alimentação para aves e outros animais, e na mi-gração entre os dois maciços.


Sua importância ecológica está registrada nas pesquisas realizadas pelo JBRJ, e publicadas em 20121. A partir do início das pesquisas, já foram catalogadas 125 espécies da flora nativa, sendo 77 espécies arbóreas, numa densidade de mais de 1.000 árvores por hectare: ipês, angicos, ingás, cambarás, quaresmeiras, pindaíbas e jacarandás, estes últimos ameaçados de extinção. Um relatório apresentado por pesquisadores desta Insti-tuição aponta: “Apesar de relativamente pequeno, possui grande relevância para a viabilidade genética de populações de animais e plantas naturais na cidade do Rio de Janeiro.” Ainda segundo este relatório, o adequado manejo das áreas que compõem o mosaico florestal carioca, deve ser prioridade na política ambiental e urbanística do Rio de Janeiro.


Relatos históricos indicam que o local pode conter um inopinável número de artefatos explosivos não detonados, resquícios da "explosão do paiol de Deodoro", que ocorreu em agosto de 1958 e durou 3 dias. Sendo um dos episódios mais marcantes do cenário carioca do Século XX, quando o Brasil era governado por Juscelino Kubitschek na sede do Palácio do Catete no Rio de Janeiro.


Áreas Verdes Cariocas - Camboatá.

Áreas Verdes Cariocas - Camboatá.

Áreas Verdes Cariocas - Camboatá.

Áreas Verdes Cariocas - Camboatá.

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