Um trem capaz de percorrer grandes
distâncias sem sequer tocar nos trilhos. O transporte
que levita parece ficção, mas já é realidade para
alguns pesquisadores do Rio de Janeiro. Entre eles,
estão o Pró-Reitor de Extensão da UEZO, prof. dr.
Roberto Nicolsky e o prof. dr. Giancarlo Cordeiro
Costa, da Unidade Universitária de Computação.
Giancarlo começou sua pesquisa sobre
materiais supercondutores ainda na graduação. Quando
ingressou no mestrado do Instituto Alberto Luiz
Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ),
no final dos anos 1990, ele passou a fazer simulações
para testar tais materiais no âmbito de um projeto
ousado: a construção de um trem de levitação.
- Nessa ocasião apareceu a proposta de
um trem de levitação. Na época, nós ainda não tínhamos
ideia nenhuma do que poderia ser e aí começamos a
fazer as simulações com os primeiros protótipos para
fazer a levitação.
O professor Roberto Nicolsky já fazia
parte do projeto nessa época. Ele conta que foram
necessários muitos testes até que o protótipo
funcionasse. Mas que a equipe foi persistente.
- A partir do momento em que eu havia
equacionado e formatado um sistema de levitação
magnética, o meu interesse passou a ser o de
construí-lo para testar a sua efetividade. Mas o
protótipo de trem, em escala reduzida, não funcionou,
porque não conseguimos adquirir ímãs de ferrita com a
qualidade necessária, explica Nicolsky.
Nas quase duas décadas seguintes, os
trabalhos avançaram. Aos poucos, o laboratório da
COPPE/UFRJ foi sendo equipado e os testes foram
evoluindo. Em 2000, a praia de Copacabana recebeu o
evento “Levita Rio”. Na ocasião, foi apresentado o
primeiro protótipo de levitação, com trilho de ferrita
e motor linear.
- É como se o trem andasse em cima de um
colchão magnético. O material supercondutor, quando
resfriado em nitrogênio, tem efeito contrário ao de um
ímã. Então o trilho é feito de material supercondutor
e a roda feita do outro material, que é repelido.
Assim acontece a flutuação, explica o pesquisador.
De lá para cá, outras modificações foram
feitas no projeto do trem, que hoje é chamado de
MagLev Cobra. O nome foi dado por causa de algumas
adaptações feitas no veículo, que o deixaram apto a se
mover pelas curvas sinuosas do relevo brasileiro. De
acordo com o professor Giancarlo, o deslocamento em
terrenos irregulares é apenas uma das vantagens do
trem.
- A estrutura dele é mais fácil, porque,
como você não tem eixos, toda a carga pode ser
distribuída. É como se fosse uma estrutura de
passarela. Ele também não emite nenhum poluente. É um
motor elétrico que vai junto com o carro e ele não
polui em nenhuma cadeia dele. Além disso, como o
MagLev anda no nível do solo, o embarque é
extremamente fácil, até para pessoas que tenham alguma
dificuldade de locomoção, ressalta Giancarlo.
O MagLev Cobra foi apresentado à
comunidade internacional durante a 22ª Conferência
Internacional sobre Sistemas de Levitação Magnética e
Motores Lineares, que aconteceu em outubro, no Rio de
Janeiro. O veículo já está funcionando no campus da
UFRJ, na Ilha do Fundão, fazendo a ligação entre dois
prédios do complexo universitário.
Protótipos na UEZO
As técnicas elaboradas pela equipe
responsável pelo MagLev Cobra também estão sendo
utilizadas por Giancarlo Costa em suas aulas na UEZO.
Junto com alguns alunos do curso de Tecnologia em
Análise e Desenvolvimento de Sistemas, o professor
está desenvolvendo protótipos virtuais de uma
ultracentrífuga que separa a água do óleo em situações
de derramamento de petróleo.
- Como nesse sistema eu não tenho
contato com nada, como não tenho atrito, não tenho
perda por calor e está tudo ali levitando, eu consigo
velocidades extraordinárias. Então, com essas
velocidades, consigo fazer a separação de fluidos de
densidades diferentes, explica o professor.
A ideia é que, no futuro, o projeto do
protótipo virtual possa reunir pesquisadores e alunos
de outros cursos da UEZO, como, por exemplo,
Tecnologia em Polímeros e Tecnologia em Construção
Naval.
Equipe MagLev Cobra: Richard Magdalena Stephan (LASUP – COPPE),
Roberto Nicolsky (UEZO – PROTEC), Giancarlo Cordeiro Costa (UEZO)
e Rubens de Andrade Junior (UFRJ).
Para mais informações sobre o MagLev Cobra, acesse: http://www.maglevcobra.coppe.ufrj.br/.

Prof.
dr. Roberto
Nicolsky e prof. dr. Giancarlo Cordeiro
Costa |

Imagem:
Coppe/UFRJ
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07/11/2014 19h00m
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